sábado, 12 de março de 2011

"Memórias da Irmã Lúcia" - As Aparições em Fátima 3


 13 de Julho de 1917

Treze de Julho
 
Dia 13 de Julho de 1917 – Momentos depois de termos chegado à Cova de Iria, junto da carrasqueira, entre numerosa multidão de povo, estando a rezar o terço, vimos o reflexo da costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
– Vossemecê que me quer? – perguntei.
– Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.
– Queria pedir-Lhe para nos dizer Quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.
– Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi Quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver, para acreditar.
Aqui, fiz alguns pedidos que não recordo bem quais foram. O que me lembro é que Nossa Senhora disse que era preciso rezarem o terço para alcançarem as graças durante o ano. E continuou:
– Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.
Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos dois meses passados.
O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo. Mergulhados em esse fogo, os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes (incêndios), sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor (deveu ser ao deparar-me com esta vista que dei esse ai! que dizem ter-me ouvido). Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. Assustados e como que a pedir socorro, levantámos a vista para Nossa Senhora que nos disse, com bondade e tristeza:
– Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio Xl começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre.
Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia a Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz (18). Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé, etc. Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo.
Quando rezais o terço, dizei, depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem.
Seguiu-se um instante de silêncio e perguntei:
– Vossemecê não me quer mais nada?
– Não. Hoje não te quero mais nada.
E, como de costume, começou a elevar-se em direcção ao nascente até desaparecer na imensa distância do firmamento.

"Memórias da Irmã Lúcia" - As Aparições em Fátima 2


13 de Junho de 1917

Treze de Junho 
Dia 13 de Junho (de) 1917 – Depois de rezar o terço com a Jacinta e o Francisco e mais pessoas que estavam presentes, vimos de novo o reflexo da luz que se aproximava (a que chamávamos relâmpago) e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira, em tudo igual a Maio.
– Vossemecê que me quer? – perguntei.
– Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler. Depois direi o que quero.
Pedi a cura dum doente.
– Se se converter, curar-se-á durante o ano.
– Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu.
– Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração (15).
– Fico cá sozinha? – perguntei, com pena.
– Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.
Foi no momento em que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco parecia estarem na parte dessa luz que se elevava para o Céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um coração cercado de espinhos que parecia
estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação.
Eis, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, ao que nos referíamos, quando dizíamos que Nossa Senhora nos tinha revelado um segredo em Junho. Nossa Senhora não nos mandou, ainda desta vez, guardar segredo, mas sentíamos que Deus a isso nos movia.


quinta-feira, 10 de março de 2011

Fotos Antigas da Capela

Capela de Nossa Senhora de Fatima
Capela Nossa Senhora de Fátima (dia da inauguração) 12 de outubro de 1982
Procissão de Nossa Senhora de Fátima 13 de outubro de 1983
Chegada do andor de Nossa Senhora 13 de outubro de 1983
Ao longe , Antonio Manoel e sua esposa Graça e o Sr. Luis Urbano na chegada da imagem de nossa padroeira
Os Anjinhos da procissão
Retirada da imagem do andor, ao fundo Pe. Donald
Procissão, 13 de outubro de 1984
Fundação da Capela de Nossa Senhora, 12 de outubro de 1982
Santas Missões de nossa comunidade
Santa Missa em nossa comunidade
Altar para festa de Nossa Senhora de Fátima
Dona Antonieta e dona Carminha, festa do dia 13 de maio
Apresentação na capela
Sr. Luis , esposo da carminha e Luis dos Franciscanos ( em memória)
Dona Das Neves em celebração em nossa comunidade
Dona Irene Tavares
Apostolado da Oração
Andor de Nossa Senhora
Durante a Missa



domingo, 6 de março de 2011

Maria, Mãe de Deus

A contemplação do mistério do nascimento do Salvador tem levado o povo cristão não só a dirigir-se à Virgem Santa como à Mãe de Jesus, mas também a reconhecê-la como Mãe de Deus. Essa verdade foi aprofundada e compreendida como pertencente ao patrimônio da fé da Igreja, já desde os primeiros séculos da era cristã, até ser solenemente proclamada pelo Concílio de Éfeso no ano 431.

Na primeira comunidade cristã, enquanto cresce entre os discípulos a consciência de que Jesus é o filho de Deus, resulta bem mais claro que Maria é a Theotokos, a Mãe de Deus. Trata-se de um título que não aparece explicitamente nos textos evangélicos, embora eles recordem “a Mãe de Jesus” e afirmem que ele é Deus (Jô. 20,28; cf. 05,18; 10,30.33). Em todo o caso, Maria é apresentada como Mãe do Emanuel, que significa Deus conosco (cf. mt. 01,22-23).

Já no século III, como se deduz de um antigo testemunho escrito, os cristãos do Egito dirigiam-se a Maria com esta oração: “Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de Deus: não desprezeis as súplicas de nós, que estamos na prova, e livrai-nos de todo perigo, ó Virgem gloriosa e bendita” (Da Liturgia das Horas). Neste antigo testemunho a expressão Theotokos, “Mãe de Deus”, aparece pela primeira vez de forma explícita.

Na mitologia pagã, acontecia com freqüência que alguma deusa fosse apresentada como Mãe de um deus. Zeus, por exemplo, deus supremo, tinha por Mãe a deusa Reia. Esse contexto facilitou talvez, entre os cristãos, o uso do título “Theotokos”, “Mãe de Deus”, para a Mãe de Jesus. Contudo, é preciso notar que este título não existia, mas foi criado pelos cristãos, para exprimir uma fé que não tinha nada a ver com a mitologia pagã, a fé na concepção virginal, no seio de Maria, d’Aquele que desde sempre era o Verbo Eterno de Deus.

No século IV, o termo Theotokos é já de uso freqüente no Oriente e no Ocidente. A piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais freqüente, a esse termo, já entrado no patrimônio de fé da Igreja.

Compreende-se, por isso, o grande movimento de protesto, que se manifestou no século V, quando Nestório pôs em dúvida a legitimidade do título “Mãe de Deus”. Ele de fato, propenso a considerar Maria somente como Mãe do homem Jesus, afirmava que só era doutrinalmente correta a expressão “Mãe de Cristo”. Nestório era induzido a este erro pela sua dificuldade de admitir a unidade da pessoa de Cristo, e pela interpretação errônea da distinção entre as duas naturezas – divina e humana – presentes n’Ele.

O Concílio de Éfeso, no ano 431, condenou as suas teses e, afirmando a subsistência da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Filho, proclamou Maria Mãe de Deus.

As dificuldades e as objeções apresentadas por Nestório oferecem-nos agora a ocasião para algumas reflexões úteis, a fim de compreendermos e interpretarmos de modo correto esse título.

A expressão Theotokos, que literalmente significa “aquela que gerou Deus”, à primeira vista pode resultar surpreendente; suscita, com efeito, a questão sobre como é possível que uma criatura humana gere Deus. A resposta da fé da Igreja é clara: a maternidade divina de Maria refere-se só a geração humana do Filho de Deus e não, ao contrário, à sua geração divina. O Filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai e é-Lhe consubstancial. Nesta geração eterna Maria não desempenha, evidentemente, nenhum papel. O Filho de Deus, porém, há dois mil anos, assumiu a nossa natureza humana e foi então concebido e dado à luz Maria.

Proclamando Maria “Mãe de Deus”, a Igreja quer, portanto, afirmar que Ela é a “Mãe do Verbo encarnado, que é Deus”. Por isso, a sua maternidade não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à segunda Pessoa, ao Filho que, ao encarnar-se, assumiu dela a natureza humana.

A maternidade é relação entre pessoa e pessoa: uma mãe não é Mãe apenas do corpo ou da criatura física saída do seu seio, mas da pessoa que ela gera. Maria, portanto, tendo gerado segundo a natureza humana a pessoa de Jesus, que é a pessoa divina, é Mãe de Deus.

Ao proclamar Maria “Mãe de Deus”, a Igreja professa com uma única expressão a sua fé acerca do Filho e da Mãe. Esta união emerge já no Concílio de Éfeso; com a definição da maternidade divina de Maria, os Padres queriam evidenciar a sua fé a divindade de Cristo. Não obstante as objeções, antigas e recentes, acerca da oportunidade de atribuir este título a Maria, os cristãos de todos os tempos, interpretando corretamente o significado dessa maternidade, tornaram-no uma expressão privilegiada da sua fé na divindade de Cristo e do seu amor para com a Virgem.

Na Theotokos a Igreja, por um lado reconhece a garantia da realidade da Encarnação, porque – como afirma Santo Agostinho – “se a Mãe fosse fictícia seria fictícia também a carne... fictícia seriam as cicatrizes da ressurreição” (Tract. In Ev. loannis, 8,6-7). E, por outro, ela contempla com admiração e celebra com veneração a imensa grandeza conferida a Maria por Aquele que quis ser seu filho. A expressão “Mãe de Deus” remete ao Verbo de Deus que, na Encarnação, assumiu a humildade da condição humana, para elevar o homem à filiação divina. Mas esse título, à luz da dignidade sublime conferida à Virgem de Nazaré, proclama, também, a nobreza da mulher e sua altíssima vocação. Com efeito, Deus trata Maria como pessoa livre e responsável, e não realiza a Encarnação de seu Filho senão depois de ter obtido o seu consentimento.

Seguindo o exemplo dos antigos cristãos do Egito, os fiéis entregam-se Àquela que, sendo Mãe de Deus, pôde obter do divino Filho as graças da libertação dos perigos e da salvação eterna.

Extraído do livro A virgem Maria
João Paulo II
 Canção Nova

sexta-feira, 4 de março de 2011

Maria Mãe de Cristo " Filme "

A atriz Camilla Belle, do filme 10.000 a.C., vai interpretar Maria

Novo filme sobre a Sagrada Família seria estreado no Natal

Los Angeles, (ACI) - Para o próximo dia 14 de março se espera que tenha início a produção do filme "Maria Mãe de Cristo", que apresentará a vida da Virgem Maria, ressaltando seu amor a José, sua inesperada maternidade e "o triunfo sobre o terror semeado pelo rei Herodes o Grande".

O roteiro está sendo preparado por Benedict Fitzgerald, co-autor do roteiro do filme "A Paixão de Cristo", junto com Mel Gibson, e Bárbara Nicolosi, ambos católicos praticantes. Por esta razão alguns analistas esperam este seja um filme fiel à tradição da Igreja.
O filme, cujo orçamento se estima em 36 milhões de dólares, terá entre seus protagonistas o conhecido ator Al Pacino no papel do Herodes, e Peter O'Toole, conhecido por sua interpretação de Thomas Lawrence no filme Lawrence da Arábia, no papel de Simeão.
No filme, que será produzido inteiramente no Marrocos, também participarão a jovem Camilla Belle no papel de Maria, e Diogo Morgado, um jovem ator português que também teve participações em produções brasileiras, que interpretará o papel de São José. Espera-se que a estréia do filme seja no Natal deste ano.

Filha de brasileira
Camilla Belle Routh nasceu em Los Angeles, Califórnia. É filha de Jack Routh, um empresário americano, e de Cristina Gould, uma empresária brasileira de Santos. O nome "Camilla" foi escolhido após a novela Cavalo de Aço, onde uma das personagens, interpretada por Renata Sorrah, se chamava Camilla.

Camilla Belle vive com seus pais. Fala inglês, espanhol e português fluentemente. Camilla tem orgulho de ter raízes brasileiras e considera o Brasil seu lugar favorito no mundo. Inclusive, já deu declarações dizendo que se considera mais "brasileira do que americana". Ela aprendeu a falar português através da insistência de sua mãe e disse viver em uma casa "totalmente brasileira".

"Memórias da Irmã Lúcia" - As Aparições em Fátima

13 de Maio de 1917

Treze de Maio  
 
Dia 13 de Maio (de) 1917 – Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco, no cimo da encosta da Cova da Iria, a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como que um relâmpago.
– É melhor irmos embora para casa, – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos; pode vir trovoada.
– Pois sim.
E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direcção à estrada. Ao chegar, mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais adiante, vimos, sobre uma carrasqueira, uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio d’água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente. Parámos surpreendidos pela aparição. Estávamos tão perto, que ficávamos dentro da luz que A cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos.
Então Nossa Senhora disse-nos:
– Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.
– De onde é Vossemecê? – lhe perguntei.
– Sou do Céu.
– E que é que Vossemecê me quer?
– Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.
– E eu também vou para o Céu?
– Sim, vais.
– E a Jacinta?
– Também.
– E o Francisco?
– Também, mas tem que rezar muitos terços.
Lembrei-me então de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com minha irmã mais velha.
– A Maria das Neves já está no Céu?
– Sim, está.
Parece-me que devia ter uns 16 anos.
– E a Amélia?
– Estará no purgatório até ao fim do mundo.
Parece-me que devia ter de 18 a 20 anos.
– Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?
– Sim, queremos.
– Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.) que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:
– Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.
Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
– Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.
Em seguida, começou-Se a elevar serenamente, subindo em direcção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo por que alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu.
Parece-me que já expus, no escrito sobre a Jacinta ou numa carta, que o medo que sentimos não foi propriamente de Nossa Senhora, mas sim da trovoada que supúnhamos lá vir; e dela, da trovoada, é que queríamos fugir. As aparições de Nossa Senhora não infundem medo ou temor, mas sim surpresa. Quando me perguntavam se tinha sentido e dizia que sim, referia-me ao medo que tinha tido dos relâmpagos e da trovoada que supunha vir próxima; e disto foi do que quisemos fugir, pois estávamos habituados a ver relâmpagos só quando trovejava.
Os relâmpagos também não eram propriamente relâmpagos, mas sim o reflexo duma luz que se aproximava. Por vermos esta luz, é que dizíamos, às vezes, que víamos vir Nossa Senhora; mas, propriamente, Nossa Senhora só A distinguiamos nessa luz, quando já estava sobre a azinheira. O não sabermos explicar e querer evitar perguntas foi que deu lugar a que umas vezes disséssemos que A víamos vir, outras que não. Quando dizíamos que sim, que A víamos vir, referiamo-nos a que víamos aproximar essa luz que, afinal, era Ela. E quando dizíamos que A não víamos vir, referíamos a que, propriamente Nossa Senhora, só A víamos quando já estava sobre a azinheira.