A Santa Igreja celebra no dia 29 de junho (no Brasil, transferida para o domingo após) a solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas e fundamento da fé cristã. Pedro, a quem Jesus confiou o primado da sua Igreja, príncipe dos apóstolos e primeiro papa, e Paulo, grande apostolo dos pagãos e organizador da doutrina cristã. No calendário litúrgico romano outras festas são também atribuídas a esses santos apóstolos: a festa da Cátedra de São Pedro, no dia 22 de fevereiro, onde fazemos memória da pessoa de Pedro como chefe da Igreja de Cristo e a sua missão de pontífice, “o que ligares na terra será ligado nos céus...” (Mt 16, 19) e a festa da Conversão de São Paulo no dia 25 de janeiro, lembrando a conversão e vocação de Paulo. Porém a festa de 29 de junho nos recorda o martírio destes que deram a sua vida e o seu sangue pelo Evangelho.
Desde os primeiros séculos de sua fundação o cristianismo dedicou um lugar especial ao culto dos mártires. O primeiro registro histórico que se tem desse culto se encontra numa carta, onde a comunidade cristã de Esmirna, comunica aos fiéis o martírio do seu bispo, São Policarpo e os convida a encontrar-se todos os anos junto ao seu sepulcro para celebrar o aniversário do seu martírio. Em Roma, o calendário romano após o martírio do papa São Xisto e seus diáconos e da profunda impressão que este fato causou na comunidade romana abre espaço ao culto aos mártires junto da celebração pascal, já que o martírio estava estritamente ligado a figura do mistério pascal de Cristo e do seu sacrifício salvador; o Sacrifício do Cordeiro unido ao sacrifício daqueles que o testemunharam, derramaram seu sangue e “lavaram as vestes no seu sangue (Cf. Ap 7, 14). Em Roma, já encontramos na segunda metade do século III testemunhos diretos da veneração e da invocação dos santos apóstolos Pedro e Paulo.
Já santo Agostinho no século V nos dizia: Num só dia celebramos o martírio dos dois apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos apóstolos.
Na liturgia deste dia destaca-se em especial a pessoa de Pedro, e a missão lhe confiada por Jesus. O trecho do Evangelho retirado do livro de Mateus, 16, 13-19, é uma espécie de resumo sobre a identidade e a missão de Jesus Cristo: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mt 16, 16). Para responder a pergunta de Jesus a sobre quem pensavam os homens que ele era, e sobre quem, pensavam os apóstolos, que ele era, o apóstolo faz uma verdadeira profissão de fé. Jesus por sua vez o chama de bem-aventurado e afirma que sua resposta é uma revelação do Pai, e o confia uma missão singular: a de conduzir a sua igreja. Da identidade e da missão de Jesus nasce a Igreja. A confissão gera responsabilidade, caso contrario essa confissão não é autentica. O “ser igreja” por tanto passa pela compreensão da missão salvifica de Cristo e na missão de Jesus encontra-se o modelo da missão da comunidade. Nesse contexto identificamos dois elementos que ilustram a missão do príncipe dos apóstolos e, por conseguinte a missão da Igreja: a de ser pedra, fundamento onde os cristãos se edificam e se apóiam e a de “ligar e desligar” constituindo assim o papel de pontífice, aquele(a) que liga o céu e a terra. Jesus ainda faz no seu discurso a Pedro uma promessa: “e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela” (Mt 16, 18) fato afirmado já na primeira leitura do Ato dos Apóstolos, onde Pedro através da oração da Igreja é liberto da prisão por um anjo e protegido do poder do mal. Paulo também confirma a fidelidade da promessa de Jesus na sua segunda carta a Timóteo, escolhida para esta celebração: “Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, a fim de que por mim a mensagem fosse plenamente proclamada por todas as nações. E eu fui liberto da boca do leão. O Senhor me libertará de toda obra maligna e me guardará” (2Tim 4, 17) O Senhor protege e ampara a sua Igreja e todos os que propagam sua boa nova.
A palavra do Senhor uniu em vida esses dois apóstolos, um, pobre pescador da Galiléia, chamado por Jesus a chefiar sua Igreja, que fraquejou e negou o Senhor três vezes antes de sua paixão, mas que o próprio Ressuscitado acolhe a sua contrição o confirma “Simão filho de João tu me amas?... Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 17) outro nobre cidadão romano que antes perseguia o evangelho, mas que a partir do seu encontro com Jesus, na voz que ouviu a caminho de Damasco passa a ser o grande evangelizador dos pagãos. Unidos em vida pelo Evangelho, foram unidos também na morte e no testemunho que deram no momento crucial onde entregaram suas vidas e mergulharam na morte e ressurreição do Senhor recebendo a palma do martírio, como ressalta a antífona de entrada: “Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus.” (Missal Romano)
A oração da coleta deste dia reza: “concedei a vossa Igreja seguir em tudo os ensinamentos destes dois apóstolos que nos deram as primícias da fé.” Que possamos sempre como cristãos católicos viver a exemplo e o testemunho destes grandes santos que praticaram radicalmente o evangelho de Cristo.
Sancti Petrus et Paulus ora pro nobis.
André Phillipe F. Ralph
(Graduando em História pela Universidade de Pernambuco e membro da Comissão Diocesana de Liturgia da Diocese de Nazaré)
Queremos agradecer de modo todo especial, ao nosso mais novo colaborador; o André Phillipe da cidade de Carpina-PE. Que Nossa Senhora de Fátima abençoe a ele e a todos que fazem nosso blog.
ResponderEliminarEm Cristo Jesus,
Maria Luiza da Silva, coordenadora.
Clingeson Correia (Dino) colaborador da comunidade.